20.2.07

 

Notícias dos Náufragos do PSD



Há uns quatro anos gastei ingloriamente algum latim com a questão do Partido Social-Democrático, como lhe chamou Sá Carneiro, e da sua desconcertante política, falha de enquadramento ideológico, de coerência, de estratégia, de rigor e de exigência nas escolhas dos seus protagonistas políticos.

De então para cá, praticamente nada melhorou, tirante a expurgação dos autarcas acusados de corrupção, em si mesma uma medida salutar. Confirmaram-se, porém, todas as tendências, todas as preocupações anteriores, acentuaram-se os erros e com eles agravou-se a desmotivação dos seus militantes e eleitores.

Quem via em Marques Mendes o líder de transição, a caminho de uma desejada regeneração, vê nele, agora, mais uma confirmação da decepção, da incapacidade, da inconsequência, mero agente continuador da agonia de uma organização sem bússola e sem referência.

Daí que as notícias sobre o futuro do Partido já quase não despertem nenhum interesse, nem entre os actuais militantes, nem entre os antigos simpatizantes. Vozes desacreditadas falam como falaram ou deixaram de falar sobre o Partido, o País e o Mundo : as mesmas trivialidades, as mesmas sensaborias, as mesmas decepções.

E, no entanto, o papel que este Partido poderia desempenhar na sociedade portuguesa permanece importante e sem representação adequada.

O seu aparentemente mais próximo parceiro político, na filiação doutrinária, longínqua, em ambos os casos, o Partido Socialista, assim por extenso, para reavivar memórias, está hoje, mais do que nunca, transformado num verdadeiro partido de regime, ávido em ocupar território, no Estado e fora dele, a troco de negócios ou benefícios de interesse mútuo com os eventuais clientes que vai encontrando pelo meio desse caminho interminável e avassalador.

Vemos assim surgir, com política estupefacção, uma espécie de nova União Nacional ou Acção Nacional Popular, menos nacional e menos popular, mas não menos unida, activa e açambarcadora agremiação que aquelas outras que a antecederam.

Desde Soares, passando por Sampaio, Guterres ou Sócrates a lógica que orienta este Partido, estranhamente designado de Socialista, é clara e persistente : ocupação progressiva do aparelho de Estado e de todos os demais sectores políticos existentes na sociedade.

Para isso, desacredita quanto pode o seu rival no Poder, o PSD, que lhe facilita a tarefa, com a sua proverbial desorganização, falha de orientação doutrinária, manipulado, à vez, por líderes oportunistas, igualmente ocos de ideias ou de desígnios mobilizadores, mas freneticamente ávidos de poder e de protagonismo.

De incoerência em incoerência, este desconjuntado Partido, o PSD, que já foi considerado o partido mais português de Portugal, foi esbanjando a credibilidade e o prestígio de si mesmo e o prestígio e a credibilidade de alguns dos seus militantes históricos, que o representaram, com certa notoriedade, durante ainda certo tempo, antes de encontrarem a sua vocação derradeira na arte de bem gerir ou administrar toda a Empresa ou Instituição, pública ou privada, arte essa, felizmente para eles, bem remunerada, para convenientemente os ressarcir de todos os passados incómodos.

Aqui chegados, com a motivação em baixo, a família social-democrática já quase não reage a notícias como a da saída de José Júdice, que, de resto, nunca se notabilizou como possuidor de pensamento ou sensibilidade social-democráticos, muito menos depois dos êxitos empresariais do seu escritório de advogados, qual firma próspera de consultores bem relacionados com todos os bastidores do Poder, quaisquer que sejam os seus senhorios em exercício.

Eis-nos então, mais uma vez, ante a irrecusável questão : que fazer, camaradas, companheiros, colegas ou simplesmente honrados concidadãos desta multi-centenária e algo martirizada Nação : reanimar este moribundo PSD, aderir à nova Acção Nacional Popular ou ousar erguer outra organização política, no espaço político moderado da Social-Democracia ajustada a realidade do século XXI ?

Haja quem responda !

AV_Lisboa, 20 de Fevereiro de 2007

Comments:
A resposta é só uma: Alberto João Jardim.
Quer queiramos quer não, este político profissional é o único elemento do PPD/PSD que ainda mexe.
Pessoalmente estou convencido que este episódio da demissão do seu governo é também uma manobra para, na passada, substituir Marques Mendes.
AJJ Sofreu um violento ataque de Sócrates e vai exercer a sua vingança. E não tenhamos dúvidas que, se ocupar a liderança do partido, a vida do PM não vai ser nada fácil.
É que, politicamente, ao pé de AJJ, Sócrates não passa de um menino de coro.
 
Posso estar enganado. Mas Alberto João Jardim (AJJ) surpreendeu tudo e todos. Está pacato e cordato. Até diz que quer fazer as pazes com Sócrates... depois de ter demitido o seu governo.
Aqui há gato! Para o "povo superior", a parolada cá do sítio, AJJ veste a pele do lobo. Se agora está a vestir a pele do cordeiro é porque quer agradar aos "maricas" do Continente...
 
Uma das equivocaçoes mais prejudiciais da política portuguesa, e também da espanhola e a confusaõ da esquerda com a liberdade e a democracia. Herdada da transiçao, porem faze muito dano a liberdade nos nosos paises, na nosa única naçao.
A esquerda, amiga do estado e da intervençao, é inimiga da liberdade, considera suspeitosa a gente e as súas deciçoes.
Portugal, uma vez mais, despegará cando imite ao seu aliado tradicional, a Inglaterra, e fuja do pernicioso ejemplo do meu pais, de Espahna.
 
Acertou ao falar em UNIÃO NACIONAL onde cabiam todos menos os comunistas.Não existe DIREITA porque ninguém conhece políticas diferentes.Para mim estão a escavacar o país a uma tal velocidade que nem os espanhois vão querer apanhar os cacos...
 
o psd, como dizem os americanos que voçes tanto gostam, e uma dying whore....
 
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